PORTADORES DE DEFICIÊNCIA PRATICAM ATLETISMO, ESCALADA, NATAÇÃO E ATÉ SURFE
Diário do Povo - Capa/ SP - Ed. Física Especial/ Inclusiva - 11/02/2008
PAULO SANTANA - santana@rac.com.br
Da Agência Anhangüera
O limite do ser humano é a sua capacidade de agir, é a dificuldade de superar a si mesmo. Romper esse processo significa acreditar em você, acreditar no milagre da vida e saber que é possível agir por sua própria força e vontade para superar todos os obstáculos. Criada em 1996, a ADD (Associação Desportiva para Deficientes) é uma entidade sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento da pessoa com deficiência por meio do esporte. As modalidades atendidas são atletismo, basquete, ciclismo, escalada, natação e até o surfe.
Neste mês, a ADD abriu inscrições para receber novos atletas de qualquer parte do Brasil em seus programas de basquete adulto, juvenil e infantil e natação infantil. "As crianças que compõem essas equipes treinam em ambiente escolar, o que ajuda na integração destas com outras sem comprometimento físico", explica o professor de Educação Física Steven Dubner, fundador e coordenador da ADD.
Segundo o professor, além de proporcionar mais qualidade de vida aos portadores, a prática esportiva faz com que os atletas tenham mais segurança na sua vida pessoal, mais motivação, se reintegrem à sociedade, potencializem sua capacidade e tenham uma reestruturação psicológica. "Ao integrar um time ou disputar um campeonato, os atletas superam todos os limites e rompem todas as expectativas, tornando-se verdadeiros campeões", comenta Dubner.
Para crianças com deficiência física, sem comprometimento de membros superiores de ambos os sexos com idade entre 6 e 11 anos, existe a equipe Cesta de Três. Os adolescentes de 12 a 15 anos podem participar das equipes Kids/Atlas Schindler e Carglass/Orsa. Os treinos acontecem uma vez por semana, aos sábados à tarde. "A ADD é a única entidade no Brasil que visa a preparação de crianças para a profissionalização no esporte", comentou o fundador.
Crianças e jovens com deficiência física, auditiva, visual e mental de ambos os sexos que tenham idade entre 6 e 18 anos podem fazer parte da equipe de natação. Quem prefere o basquete e tem entre 15 e 20 anos pode se inscrever na equipe juvenil BicBanco. Os interessados devem se enquadrar no perfil da vaga e entrar em contato com o coordenador de esporte, Sileno Santos, pelo telefone: (11) 5052-9944. A ADD oferece, diversos programas para adultos e crianças - mais de 2.600 foram atendidas em 2007 - além de projetos de educação, como o ADD Training, que ensina informática básica e telemarketing para os portadores.
Brasil obtém recorde de medalhas em Paraolimpíada
Mesmo sem o apoio necessário, na Paraolimpíada de Sydney, em 2000, o Brasil conquistou um número recorde de 22 medalhas, sendo 6 de ouro, 10 de prata e 6 de bronze, quebrando três recordes mundiais no atletismo.
Atualmente, o Esporte Adaptado no Brasil é administrado por 6 grandes instituições: ABDC (Associação Brasileira de Desporto para Cegos), Ande (Associação Nacional de Desporto para Excepcionais), Abradecar (Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas), ABDA (Associação Brasileira de Desportos para Amputados), Abdem (Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais) e a CBDS (Confederação Brasileira de Desportos para Surdos).(PS/AAN)
Fontes: site do Comitê Paraolímpico Brasileiro, ABDC, ABRADECAR e IBGE e o livro Adapted physical education and sports, de Joseph P. Winnick, da editora Human Kinetics Books, de 1995.
Verba de palestras vai para entidade
Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez. Este é o tema da palestra que o professor Steven Dubner ministra em empresas, universidades, clubes, escolas e associações. Ela é considerada uma das dez melhores palestras de todo o `País pelos maiores empresários brasileiros e associações de recursos humanos.
Com a experiência de mais de 25 anos com o esporte adaptado, o fundador da ADD fala sobre superação de limites. "Nessa palestra é traçado um paralelo com o esporte adaptado para deficientes e o desafio dos negócios, estratégia, gerenciamento de dificuldades, superação e trabalho em equipe", destaca Dubner.
O professor ainda trata de assuntos como motivação e auto-estima em uma palestra empolgante e surpreendente. "Nos dias de hoje, precisamos estar aptos a enfrentar desafios, tomar decisões importantes e enxergar oportunidades. Para que um indivíduo dê o melhor de si em todas as suas ações na vida, é preciso que ele esteja motivado e consiga se superar sempre", revelou Dubner, que já ministrou mais de mil palestras. Toda a verba arrecadada com os eventos é revertida para a compra de cadeira de rodas e manutenção dos programas da ADD. (PS/AAN)
Prática surgiu no século passado
O esporte adaptado surgiu no início do século 20, de forma muito tímida. Na primeira década do século, iniciaram-se as atividades competitivas para jovens portadores de deficiências auditivas, especialmente em modalidades coletivas. Por volta de 1920, tiveram início as atividades para jovens portadores de deficiência visual, como a natação e o atletismo.
Para pessoas portadoras de deficiências físicas, o início do esporte oficialmente se deu ao final da II Guerra Mundial, entre 1944 e 1952, quando os soldados voltaram para os seus países de origem com vários tipos de mutilações e outras deficiências físicas.
As primeiras modalidades tiveram origem na Inglaterra e nos Estados Unidos. Na Inglaterra, por iniciativa do médico Ludwig Guttmann, indivíduos com lesão medular ou amputações de membros inferiores começaram a praticar jogos esportivos em um hospital em Stoke Mandeville.
Nos EUA, por iniciativa da PVA (Paralyzed Veterans of América), surgiram as primeiras equipes de basquetebol em cadeira de rodas e as primeiras competições de atletismo e natação. Desde 1960 ocorrem os Jogos Paraolímpicos, sempre alguns dias após e na mesma sede dos Jogos Olímpicos convencionais.
No Brasil, o esporte adaptado surgiu em 1958 com a fundação de dois clubes esportivos (um no Rio e outro em São Paulo). Nos últimos cinco anos, o esporte adaptado brasileiro vem evoluindo, mas por falta de informação e condições específicas para a sua prática, muitos ainda não têm acesso a ele. (PS/AAN)
FONTE: FONTE: SITE EDUCAÇÃO FÍSICA